segunda-feira, março 19, 2007

It isn’t easy to explain

Há bocado (já há um bom, bom bocado, mas tenho andado ocupada com outras coisas...) falei do States. Mas quem não viveu ou passou por Coimbra não sabe o que era o States. Ou melhor: até pode saber que era uma discoteca, mas isso só é pouco, porque o States era todo um programa. Era o Hi5 e o MySpace à escala de Coimbra, tudo condensado em dois andares, com uma pista e um bar. Passei tanto tempo no States! Cresci lá e tudo. Quando vim para Lisboa ainda existia, e fui a Coimbra de propósito para a última noite do States (e no fim de semana seguinte, para a outra última noite – houve duas!) Numa delas havia pessoas a levar pedaços da parede, como se o States fosse o muro de Berlim. Era uma instituição.
No States aconteciam coisas surreais, como a Magda gostar de Sepultura, eu dançar um slow do Elvis, a Cati contar o que faria ao Jim Morrisson, o concerto dos 77 com o Paulo Eno a descer as escadas em leggings (ou seriam mesmo apenas collants?), casaco curto de pêlo de leopardo e maracas (sim, maracas!!), o Carlucci dançar na pista de Walkman (não havia ainda iPods), pessoas a perderem coisas várias , desde lentes de contacto até dentaduras, entre os pontapés das botas da tropa do Tozé futurista ou das texanas da Nó, nós inventarmos letras como o grande sucesso “Ismael, José Carlos Ismael” (acho que da autoria do Ricardo) quando nos aborrecíamos, no final da noite a senhora da copa, que já não era nada nova, saía - ia com um tijolo na mala para casa (viva na Conchada),... porque é que não me lembro do nome dela?
Beeem. Cá vão umas covers de músicas que me fazem lembrar o States:

Wall of Voodoo – Ring of Fire (cover de Johnny Cash) (mp3)
Sim, era mesmo esta versão que passava no States! Assim de caras, é uma das minhas covers favoritas.

Ramones – Baby I Love You (cover de Ronettes) (ouvir)
E esta também passava! Que lindo, punks românticos! Já agora, é da autoria do produtor Phil Spector, cujo julgamento começou hoje.

Tom Jones and The Cardigans – Burning Down the House (cover de Talking Heads) (mp3)
Desculpem a heresia. Este era um dos meus temas favoritos dos Talking Heads, de que nunca me fartei por mais que o Jonee (ou era Johnny, o DJ?) o passasse…

Dsico – Gut Feeling (Cover de Devo) (mp3)
E esta? Era a loucura logo aos primeiros acordes! Com o original, claro, que esta versão falta-lhe mesmo qualquer coisa.

Nouvelle Vague – Ever Fallen in Love (cover de Buzzcocks) (ouvir)
Nada melhor que um cançãozinha sobre amores problemáticos para lembrar a adolescência.
Já agora, uma irritação: porque é que quando eu digo que gosto de covers, uma em cada três vezes alguém me diz: “E conheces os Nouvelle Vague?” com ar de que me estão a dar uma novidade? Se alguém me diz que gosta de rock eu não lhe pergunto se gosta dos Rolling Stones!

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bons tempos...é o que te digo!Boas músicas!

9:35 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Engraçado, eu lembro-me de outras coisas... por exemplo, de um rapaz alto e magro estar encostado a uma coluna e de eu só ter percebido que ele estava muito mal quando me pediu que lhe chegasse um dos banquinhos para ele se sentar(na altura em que ainda existiam banquinhos). E aquilo não era alcool de certeza... lembro-me do porteiro ser um bruto que desatava à pancada à primeira oportunidade... lembro-me do TóZé a dançar, claro, e lembro-me de lhe recusarem entrada... lembro-me do Braga a segurar-me a mão, com ar comovido (e depois de alguns whiskies, claro), quando o DJ- devia ser Johnny, não:)?- passou Nirvana... lembro-me da Nó atrás do balcão, com a loura- como é que ela se chamava?- uma morena e uma loura:), sempre com ar sério... lembro-me de conversas altamente filosóficas debaixo das arcadas para o bar, de dançar em todos os cantos da pista, da Isabelle Antena a fechar, meses a fio- terão sido anos?- com o Camino del Sol, dos Gun Club, dos Sonic Youth, de The The.... e lembro-me das idas para o States, com quem estava à mão e também ia, e das escadinhas manhosas, e das horas que passávamos em conversa alcoolizada até ser dia, cá fora, muito depois do fecho. Das boleias à última da hora em carros sobrelotados, do pequeno-almoço no Montanha, sem óculos escuros e o sol a subir. E de conhecer muita gente, mesmo que só de vista. Tens razão, crescemos todos ali dentro. E também tens razão noutra coisa: é difícil explicar.

11:52 da tarde  
Blogger maria said...

Maria, outra - a loura do bar era a Ana.
tu ias ao Montanha, eu ia mais ao Angola... Devíamos ser de "crews" diferentes;-)
As arcadas, é verdade! Nós chamavamo-lhes a sauna, não sei porquê.
Adoro o Braga comovido com os Nirvana!
E o fim, que foi Antena durante anos, sim senhora, mas só depois de outros tantos anos a acabar com o Under the Bridge, dos Red Hot Chilli Peppers.

7:58 da tarde  
Blogger Laura Ramos said...

Ai o States... Foi lá que tive uma das paixões mais arrebatadoras de sempre! Foi lá que inventámos a versão "Dá-me a tua Colcha" para os Rage Against the Machine! Foi lá que... aconteceu tanta coisa!! Que saudades! CHUIFF!

7:29 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Querida Maria, por acaso eu via-te assim de longe, e durante muito tempo, e quem diria, foi a capital que nos uniu:)... o Angola também era especial, com famílias aos domingos a comer torradas e outra população de manhãzinha... lembrei-me de outras coisas entretanto, muito cómicas, como uma amiga que dançava certas músicas, como dizer, de rabo para o ar, com as mãozitas a dar a dar em cima do rabo:) e com um sorriso divertidíssimo... porque sabia que provocava e que toda a gente fingia que não ligava mas estava tudo a olhar, pelo canto do olho... e lembro-me de tanta outra música, e do Carlucci, claro, com o Walkman, e do Eno, e dos videos, e dos miúdos rockabillies que nunca saíam das mesas, com as suas namoradas, todos muito compostos... Ana? Ia jurar que era Cláudia, não sei porquê... e pronto, vou parar por aqui. São demasiadas recordações.

8:04 da tarde  
Blogger marco costa said...

o states é absolutamente mítico! Eu estudei no porto e as noites que por acaso ia parar ao states depois de um périplo a pé e de comboio... era sempre sempre valioso. conheci la alguns cromos... dancei lá com a lena de água... enfim...

uma das melhores coisinhas de coimbra... e passou a casa de conforto... inacreditável!!!

grande grande recordação.

7:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

SAUDADES!!!
Sniff Sniff...

9:58 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

SNIFF SNIFF, NÃO CONSIGO COMENTAR, SÓ QUEM PASSOU POR LÁ É QUE SABE REALMENTE...
ANA TERESA

5:49 da tarde  
Blogger Sofia said...

Aconteceu tanta coisa no States...
Muitas saudades!
Uma musica que associo sempre ao States: Total Recall dos The Sound!

10:19 da manhã  

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